O Seagull ™ USV (sistema multi-missão autônomo de superfície não tripulado – USV) da Elbit Systems é capaz de realizar autonomamente missões típicas de contramedidas de minagem (“Mine Counter Measure” – MCM), digitalizando o fundo do mar com seus avançados sensores e criando um “caminho seguro” para navios de forças amigas.
Se ao vasculhar o fundo marinho forem encontrados objetos suspeitos (similares a minas), as informações sobre essas ameaças são enviadas para operadores remotos em uma estação on-shore, e o Seagull parte para desativar os dispositivos ou então forçá-los a uma detonação a distância, garantindo assim uma rota segura para qualquer navio ou submarino amigo que precise entrar ou sair de um porto ou base naval.
Mock-up de uma versão armada do USV Seagull. Foto: Roberto Caiafa
O Seagull pode operar vários tipos de sonares, incluindo sonares de casco, de varredura lateral, de abertura sintética ou de imersão, sonares de detecção de mergulhadores, pode empregar veículos operados remotamente (ROV) e veículos descartáveis para destruição de minas (MIDS).
Em uma configuração de dois navios, um Seagull pode procurar minas, usando seus sonares, enquanto o segundo pode identificar e destruir as minas detectadas usando o ROV e MIDS. Esse moderno USV pode realizar busca, detecção, classificação, identificação, neutralização e verificação.
1ª DMD em Haifa: Caiafa, Bastos, Galante e Pepê. Foto: Elbit Systems
Essa é uma característica dos equipamentos, meios e sistemas que a Marinha do Brasil precisa implementar para substituir sua cansada frota de navios varredores/guerra de minas de origem alemã e completamente obsoletos, da Classe Aratu.
O Seagull, da Elbit Systems, é um dos sistemas de embarcações autônomas de emprego naval militar mais sofisticados e confiáveis da atualidade.
Para conhecer estas e outras capacidades bem de perto, visitamos as instalações da Elbit Systems Naval Systems no Porto de Haifa e navegamos/pilotamos um USV Seagull nas águas israelenses com exclusividade!
O sofisticado painel de telas do Seagull e sua simbologia. O operador on-shore recebe via rede datalink as informações dessas telas e as imagens das câmeras de manuseio instaladas cobrindo 360º. As embarcações Seagull são projetadas para operar em pares, controladas por meio de um único Mission Control System (MCS), montado em um navio-mãe ou em terra. O mesmo MCS também pode controlar sistemas aéreos não tripulados que também podem participar da missão. O controle do operador é realizado por meio de comunicações por satélite (SATCOM) ou por equipamentos de linha de visada. Foto: Roberto Caiafa
Além das capacidades MCM, o USV Seagull possui conjuntos de carga útil de missão modulares intercambiáveis e pode cumprir missões de Guerra Antissubmarina (ASW), Guerra Eletrônica (EW), Segurança Marítima (MS), Hidrografia e outras, usando o mesmo navio-mãe, controle de missão e sistema de links para dados (que pode ser local ou satelital).
O Seagull oferece às marinhas um verdadeiro multiplicador de força, proporcionando desempenho aprimorado para operações navais, reduzindo o risco à vida humana e reduzindo drasticamente os custos operacionais e de aquisição.
O Seagull “302” no Porto de Haifa. Foto: Roberto Caiafa
Submarinos e mergulhadores não são o único tipo de ameaça subaquática mais conhecida, minas marítimas e dispositivos explosivos improvisados subaquáticos (UW-IED) também podem infligir pesados danos a embarcações navais e mercantes, especialmente na forma de ataques terroristas a alvos estratégicos como portos, visando interromper a atividade marítima em rotas críticas de navegação mercante ou o acesso de apoio logístico ao teatro de operações no caso de operações navais militares.
A guerra de contra medidas de minagem (MCM) atual inclui varredura de minas projetada para detectar e neutralizar minas implantadas em rotas marítimas.
O sistema de lançamento e recolhimento do sonar de profundidade variável e longo alcance TRAPS. Foto: Roberto Caiafa
Esta operação de alto risco requer um processo lento e metódico que muitas vezes paralisa a atividade marítima na área, para garantir um ambiente ininterrupto para o sucesso da operação MCM.
Com base nesses procedimentos, as operações MCM podem demandar muito tempo para serem concluídas, limitando as operações da marinha mercante e causando prejuízos.
O conjunto de câmeras que conferem visão de 360º ao USV, incluindo a noite e com mar revolto, e um dos sensores radar empregados pela embarcação, o radar doppler de estado sólido Furuno DRS6A-NXT. Foto: Roberto Caiafa
Tecnologia de Ponta
O Seagull é um barco de alumínio de 12 metros projetado para transportar 2,5 toneladas de carga útil em módulos de missão intercambiáveis e operar de forma autônoma por até quatro dias.
Os hélices do sistema de propulsão duplo do Seagull. Foto: Roberto Caiafa
O USV Seagull é movido por dois motores diesel de 425 HP acelerando a embarcação até uma velocidade máxima de 32 nós.
Esses sistemas autônomos carregam um conjunto completo de sensores e armas para funções ASW ou MCM.
Uma das aberturas no casco do Seagull desenhadas para efetuar o lançamento de sensores. O Seagull, no modo anti-submarino ou ASW, pode lançar hidro fones/sonares HELRAS pelo casco ou sonares rebocados de profundidade variável e longo alcance TRAPS, pela popa da embarcação. Foto: Roberto Caiafa
O Seagull substitui recursos tripulados muito maiores necessários para operar missões altamente perigosas, em rotinas executadas em velocidade muito mais lenta.
A missão ASW emprega recursos como sonares TRAPS, hidrofones/sonares HELRAS e torpedos leves MK46/48, semelhantes aos operacionais em helicópteros ASW e fragatas maiores dedicadas ao papel ASW, modificados para uso em embarcações de pequeno porte.
Seagull lançando torpedo leve anti-submarino de treinamento. Foto: Elbit Systems
Em tais missões, os barcos não tripulados Seagull podem realizar tais missões por quatro horas, em comparação com as 2-3 horas de resistência/permanência dos helicópteros.
Os autônomos do tipo Seagull podem permanecer na estação por muito mais tempo.
As operações ASW com o Seagull são particularmente eficazes, pois os barcos podem ser despachados rapidamente para um teatro de operações embalados em contêineres padrão de 40 pés ou transportados pelos aviões de transporte militar A-400M, C-17 ou KC390.
O sistema de controle manual do Seagull é preciso e leve, e no modo de operação autônomo sem humanos a bordo o delay do sinal é mínimo, o controle e a manobrabilidade se mostrando seguros. Foto: Roberto Caiafa
Assim que chegam à área de missão, os barcos podem ser operados a partir de um navio-mãe ou um shelter baseado na costa, usando comunicações de linha de visão (LOS) ou link de satélite.
Os procedimentos não mudaram drasticamente nas últimas décadas, já que a maioria dos ativos que participam da operação MCM usa equipamentos de varredura e neutralização de minas de superfície ou baseados em helicópteros operados e controlados por operadores tripulados e mergulhadores.
Os barcos são projetados para operação em mar agitado. O Seagull também pode assumir outras missões, incluindo proteção de portos, instalações offshore e embarcações no mar.
O Sistema Sonar TRAPS
O TRAPS é um sonar ASW compacto, de baixo custo, ativo/passivo e de profundidade variável para embarcações compactas, fornecendo o desempenho necessário para detectar submarinos, torpedos e navios de superfície.
O sistema TRAPS foi desenvolvido como um VPA (Vertical Projector Array) de reboque único para eliminar a necessidade de manuseio especial necessário para lançar e recuperar VPAs rebocados complexos.
Ao enrolar o projetor especialmente projetado diretamente no tambor do guincho, o equipamento exclusivo de embarque, o tempo de embarque e a mão de obra são bastante reduzidos, enquanto a produtividade e a coleta de dados relevantes acontecem de forma otimizada e segura.
O TRAPS é ideal para operações litorâneas e muito útil em águas profundas como parte de um sistema multiestático, empregando transmissão omnidirecional e frequências ativas VLF, LF, MF e HF.
Tem alcance de até 150 km (2ª Zona de Convergência) e profundidade máxima de operação de 300 metros.
O sistema TRAPS completo, com o peixe do sonar, o tambor e o sistema de lançamento/recolhimento. Foto: Roberto Caiafa