A fabricante alemã Krauss-Maffei Wegmann (KMW), que tem filial em Santa Maria, entrou na disputa no edital do Exército Brasileiro que definirá quem vai fabricar e fornecer a nova viatura blindada de combate de Cavalaria (VBC Cav-MSR 8×8) para reforçar e modernizar as unidades militares do país.
A consulta foi aberta em março e, no final de maio, foi divulgado o relatório da primeira fase.
Segundo informações extraoficiais, diversos fabricantes do mundo entraram na disputa, mas a KMW tem uma vantagem competitiva por já estar instalada no Brasil, com sede na cidade.
Claro que um dos principais quesitos que devem ser levados em consideração é a qualidade dos blindados, além de suas funcionalidades e custos, já que o Exército pretende comprar de 93 a 226 unidades da nova viatura blindada.
De acordo com o edital, esses blindados serão sobre 8 rodas, por isso, o termo 8×8.
As empresas concorrentes, segundo o relatório do Exército, apresentaram veículos blindados com torres de 105 mm e 120 mm.
Este projeto VBC Cav 8×8 é um dos principais estímulos para a unidade de manutenção de blindados da KMW em Santa Maria ser ampliada.
Se a empresa vencer a disputa, fará investimento milionário para ampliar sua sede e passar a montar as viaturas blindadas aqui em Santa Maria, gerando centenas de empregos.
Atualmente, a empresa tem contrato de manutenção dos Leopard 1A5, dos Gepard 1 A2 (bateria antiaérea) e respectivos simuladores, comprados pelo Exército Brasileiro.
Nesta nova concorrência, a KMW vai disputar com o blindado Boxer que é fabricado em parceria com a alemã Rheinmetall.
Só para se ter uma ideia, elas fecharam recentemente uma venda bilionária para o Reino Unido, que vai comprar 500 unidades do Boxer por um valor total de 2,6 bilhões de euros (o equivalente a R$ 16 bilhões).
É um contrato muito importante também porque o blindado alemão venceu a disputa com concorrentes do próprio Reino Unido.
Em 2018, a Austrália comprou 225 blindados Boxer.
No caso do Brasil, o Exército ainda não definiu quantos blindados irá comprar: o mínimo previsto é de 93 unidades, e o máximo, de 226 blindados.
A previsão é de primeiras entregas em 2026.
A exemplo do valor pago pelo Reino Unido, a compra feita pelo Exército Brasileiro também deve prever um contrato bilionário.
Outra vantagem importante do Boxer, da KMW
Além da vantagem de a KMW estar instalada no Brasil, outro grande ganho competitivo do blindado Boxer é ser o único do mundo que permite uso em múltiplas funções (modularidade).
O módulo traseiro do Boxer pode ser trocado em 30 minutos, retirando o módulo que estiver na base e instalando um módulo de ambulância, torre 30mm, carro escola ou um módulo de transporte de tropas – ou seja, a parte frontal da viatura, onde ficam o motor e o motorista, é a mesma.
Apesar de o Exército estar focando agora na compra de um blindado com canhão de 105 mm, se escolher o Boxer poderá ter grande economia futura se adotar essa família de blindados, já que, com a compra de módulos, poderá ter veículos para diversos tipos de operações.
A decisão da vencedora pode sair em 2021 ou 2022.
Caiafa , o Boxer pode ser transportado pelo Kc 390?
Ótima análise, Caiafa! O Exército Brasileiro tem mais a ganhar, no entanto, com a finlandesa Patria, vide as experiências da empresa em transferência de tecnologia na Polónia, Eslovénia, Croácia e África do Sul.
O que me impressiona neste veículo é sua modularidade, mas ainda creio que dá Iveco.