A brasileira Embraer Defesa e Segurança está promovendo no Paris Air Show 2023 seu transporte militar KC-390 Millennium, aeronave que já foi comprada por alguns países integrantes da Aliança Atlântica.
Mas a Embraer está em busca de mais mercados NATO para o avião, e um deles é o Strategic Airlift Capability, uma equipe multinacional de 12 nações capaz de responder com flexibilidade às tarefas estratégicas de transporte aéreo da Aliança empregando pelo menos três aeronaves de transporte pesado Boeing C-17 Globemaster III em forma de consórcio colaborativo, e operadas a partir da espartana e remota Base Aérea de Pápa, na Hungria*.
A Ala de Transporte Aéreo Pesado de Pápa é composta por 12 nações que, em conjunto, executam operações de transporte aéreo pesado em nome das nações parceiras.
É um ambiente dinâmico e não típico de qualquer atribuição tradicional do Comando de Mobilidade Aérea (AMC).
A concentração dessa equipe nessas espartanas instalações visa integrar a todos na condução das missões do C-17 Globemaster III em transporte de material e pessoal, reabastecimento aéreo e lançamento aéreo de pessoal e cargas.

Uma boa olhada no slide sobre a cota de horas de voo que cada País tem direito anualmente mostra que a Suécia tem direito a 550 horas, ou seja, é a maior beneficiária desse esquema depois dos Estados Unidos, que tem direito a 1000 horas/ano. O terceiro maior usuário do Strategic Airlift Capability é a Holanda, com 500 horas anuais. Exatamente a Holanda que ainda não marcou data para a assinatura do contrato de compra do… KC390 Millennium…
Inserida dentro do Programa de Gerenciamento de Transporte Aéreo da OTAN (NAMP), a Base Aérea de Pápa tem como parceira no mantenimento dos enormes C-17 a empresa norte-americana Boeing, que inclusive aproveita sua presença e experiências no local para moldar um futuro que apoie a expansão inovadora para um conjunto de missões mais amplo.
Com a compra de dois KC-390 Millennium pela Hungria, foi decidido que esses aviões, quando entregues, também deverão ficar disponíveis para operar em Papa, ou seja, Boeing e Embraer trabalhando na mesma missão pela OTAN, porém, com “ferramentas diferentes”.
Acontece que o enorme C-17 Globemaster III em muitas ocasiões é grande demais para determinadas localidades com restrições, ou então, seus custos de operação desaconselham o seu uso em favor de uma aeronave de performance semelhante em termos de velocidade, mas que transporte um volume menor de cargas.
Basicamente, a OTAN sentiu a necessidade de uma aeronave de carga militar que complemente o C-17 Globemaster III e com custos menores, apresentando a mesma velocidade, confiabilidade e capacidade de voar e sobreviver em espaços aéreos conflagrados, de dia ou a noite.
O Alto Comando da NATO/OTAN, percebendo a oportunidade, determinou que os dois aviões KC-390 húngaros, quando entregues, também operem dessa forma, complementando os C-17 baseados em Papa.
A Embraer também percebeu o mesmo, e agora está em conversações preliminares com a OTAN para tentar ampliar o número de aeronaves a serem usadas nesse arranjo, oferecendo o Kc-390 Millennium.
Os rumores sobre essas negociações circulando nos bastidores do Paris Air Show 2023 dão conta que o KC-390 Millennium está sendo oferecido pela EDS como o avião ideal para aumentar a capilaridade de rotas e fazer o trabalho de fragmentar cargas maiores e entregá-las em qualquer ponto da Europa ou além, com rapidez e eficiência.
Adicionalmente, o avião brasileiro é percebido como plenamente capaz de atuar em missões reais em zona de conflito, e recentes exercícios entre Estados Unidos e Brasil realizados em território norte-americano serviram para confirmar que o C-17 Globemaster III e o KC-390 Millennium operam juntos naturalmente, inclusive a noite, com emprego massivo de visão noturna e lançando tropas completamente equipadas e prontas para o combate.
O escopo de negócio, segundo os mesmos bastidores do Paris Air Show 2023, indicam um potencial de vendas entre três a cinco aeronaves, com as entregas previstas para começar a partir do final de 2025.
Os custos de compra e manutenção desses aviões seriam divididos entre as 12 nações participantes, o que finalmente acabaria levando a Suécia a adquirir o KC-390, mesmo que indiretamente.