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A Flight Academy da IAF em Hatzerin e o M-346 “Lavi”

Respeitada em todo o mundo, a Força Aérea de Israel, ou IAF, construiu sua reputação em milhares de missões de combate bem sucedidas contra diversos inimigos, ao longo de várias guerras, a primeira delas pela sua independência em 1948.

Para defender seu espaço aéreo, os israelenses operam uma frota com mais de 300 aviões de asa fixa avançados, compreendendo os caças F-15 e F-16, e agora os novíssimos caças de 5ª geração F-35, adquiridos a partir de 2012.

Hatzerim é a sede da Escola de Formação de Voo da IAF, e o M346 seu principal meio de instrução. Foto: Roberto Caiafa

Enquanto os dois aviões mais antigos possuem versões com dois assentos, destinadas a conversão operacional, treinamento e missões operacionais, não existe uma versão biplace do F-35, e certamente, os antigos treinadores A-4 Skyhawk usados pela IAF para formar seus pilotos não são mais uma opção viável.

Em 2012, depois de encomendar seus F-35, foi decidido pela IAF substituir essa antiga aeronave de treinamento por um novo treinador avançado de alto desempenho que atenderia às suas necessidades modernas e os desafios de operar o F-35.

Com a escolha do Leonardo M-346 Master, foi criada toda uma nova e complexa estrutura de treinamento na base aérea de Hatzerin, uma das mais operacionais da IAF.

Na Academia de Voo, os alunos primeiro cumprem dezenas de missões em simuladores, depois passam a voar nas aeronaves de instrução e somente depois chegam a tão sonhada primeira linha.

O design do M346 lhe confere baixa assinatura radar e grande manobrabilidade. Foto: Roberto Caiafa

A Academia de Voo da IAF

Escola de Voo da IAF abriu suas portas em 1950 em Sirkin Field perto de Petach Tikva.

De Sirkin, a Escola mudou-se para a Base Aérea de Tel-Nof e de lá para sua localização atual na Base Aérea de Hatzerim .

Em 2002, seguindo o status acadêmico dado ao curso de voo da IAF, o nome da Escola de Voo foi alterado para IAF Flight Academy, cuja principal missão é selecionar e qualificar as tripulações.

Um P-51D Mustang na entrada da Base Aérea de Hatzerim, em israel. Foto: Roberto Caiafa

Voar, no entanto, é apenas parte da história.

O treinamento é a chave da arma secreta da IAF, a qualidade de seu pessoal.

“Duro no treinamento – fácil na batalha” é um lema da IAF. 

O M-346 requer pouquíssimo apoio de solo no dia a dia de voos de instrução. Foto: Roberto Caiafa

O treinamento de voo é rigoroso e simula a arena de combate o mais próximo possível.

O cronograma de treinamento é planejado para otimizar o uso dos simuladores e do espaço aéreo de Israel.

A ênfase é colocada na utilização massiva de simuladores, em diferentes configurações, e em espremer cada grama de treinamento de cada preciosa hora de voo.

Uma única hora do F-15, por exemplo, custa em torno de US$ 15.000.

O Flight Training Device, primeiro contato com o M-346, é o sistema de simulação mais simples e já oferece um grande aprendizado. Daqui, os alunos seguem para os simuladores de 180º e 360º. Foto: Leonardo

Centro de Treinamento de Pilotos é responsável pela formação dos pilotos de caça israelenses empregando o avião de treinamento avançado Leonardo M-346, batizado “Lavi” em Israel.

A Elbit Systems, principal contratada para implantação do centro, desenvolveu e entregou o sistema de treinamento baseado em terra (GBTS- Ground-Based Training System) em parceria com a Alenia Aermacchi, CAE e Selex, de acordo com a seleção implementada pela joint venture TOR Advanced Flight Training formada pela Elbit e Israel Aerospace Industries (IAI).

A TOR é responsável pela operação sustentável do GBTS e serviços de apoio logístico ao longo de 20 anos, incluindo aí os jatos M-346.

O simulador de 180º do Centro de Formação de Pilotos oferece uma simulação de alta fidelidade, mas estática. Foto: Leonardo

O GBTS inclui dois simuladores FMS (Full-Mission Simulator) de 180º e dois simuladores operacionais de 360º que podem funcionar linkados (ou em rede) entre si, permitindo simulações coordenadas onde dois ou mais aviões estão engajados em uma mesma missão (ou duas aeronaves biplaces).

Essa conectividade abrange outras bases da IAF como Tel-Nof, por exemplo, sendo possível colocar uma esquadrilha inteira no ar, de forma simulada, com pilotos conectados de diferentes locais.

O M-346 Master possui cockpit com layout de 4/5ª geração. Foto: Roberto Caiafa

Pilotos e operadores de sistemas de armas cumprem etapas de treinamento que vão desde a familiarização básica com o M-346 até a instrução de altas competências exigidas no voo de combate.

Uma elevada porcentagem do programa de treinamento desses alunos é executada no GBTS.

Essa solução de treinamento foi selecionada em função de sua comprovada eficácia graças aos avançados conceitos incorporados.

A progressão da instrução obtida com o sistema permite que, sem necessitar passar por outra etapa de conversão operacional, os alunos migrem diretamente para o comando de aviões de combate Boeing F-15 Strike Eagle e Lockheed Martin F-16 existentes na frota israelense, bem como dos Lockheed Martin F-35 de 5ª geração.

Além dos recursos de treinamento existentes no GBTS, os sistemas embarcados no M-346 permitem ganho de experiência por partes dos pilotos e operadores de sistemas em avançadas suítes eletrônicas de missão simulando, durante as sessões de instrução aérea, procedimentos e táticas que envolvem radar, sensores eletro-óptico, sistemas de guerra eletrônica e armamentos, tanto em combates ar-ar quanto em missões ar-superfície.

Piloto prepara-se para mais uma saída operacional de treinamento. Foto: Roberto Caiafa

A palavra dos comandantes

O então comandante da IDF/AF a época da escolha do “Lavi”, major-general Ido Nehushtan, atualmente presidente da Boeing Israel, falando sobre o processo de escolha do novo avião, declarou “Procurávamos um treinador puro sangue, e ao mesmo tempo, com características de controle que nos dariam total segurança de voo. Para nós da IAF, essa é uma prioridade, e a aeronave que iríamos comprar precisava mostrar a melhor relação custo-benefício para todo o pacote de treinamento. Fomos ao mercado e olhamos para os diferentes candidatos.

Decidimos por 150 critérios de comparação e voamos cada uma das opções.”

O general brigadeiro Ido Nehushtan, ex-comandante da IAF. Foto: IAF

O brigadeiro general Shmuel Zucker , ex-chefe de aquisição e administração de produção do Ministério da Defesa de Israel, afirmou na época da compra que selecionar a aeronave de treinamento certa foi uma decisão crucial para uma força aérea tão avançada. “Decidimos comprar o Leonardo M-346 porque descobrimos, no final das contas, que era a melhor aeronave.

Encomendamos trinta exemplares para serem entregues em dois anos. Este foi um projeto que realmente cumpriu o prazo e o orçamento. Foi incrível quanto esforço as duas empresas, Leonardo e Honeywell (fabricante dos motores), colocaram neste projeto.”

O brigadeiro general Shmuel Zucker. Foto: IAF

O primeiro Leonardo M-346 foi entregue à Força Aérea de Israel em 2014. Um dos primeiros instrutores a pilotar a aeronave foi o brigadeiro general Avi Maor, um veterano piloto de caças F-4, F-15 e F-16.

Maor, que já havia sido instrutor no A-4 Skyhawk, notou imediatamente a diferença entre as máquinas. “Se você observar o desempenho e a maneira como o M-346 voa, é um avião totalmente novo. Você pode ensinar tudo ao seu aluno. Você não tem restrições por causa da aeronave.”

Após o treinamento no Leonardo M-346, os jovens pilotos vão direto para os caças mais avançados. E, segundo afirmou Maor, é muito fácil fazer a transição. “A grande vantagem do Leonardo M-346 é que você pode voar em todas as missões, missões operacionais”, disse ele. “Nos caças modernos, você enfrenta problemas de G-LOC porque você voa 9G e tem que ensinar os jovens pilotos a lidar com isso.

Linha de voo dos M346 “Lavi” em Hatzerim Air Base, Israel. Foto: Roberto Caiafa

Nessa aeronave você pode começar com baixo G e depois mudar para alto G, para poder treinar o piloto como quiser. É muito fácil fazer a transição para um caça real porque o M-346 se comporta de uma maneira muito semelhante. Você aprende a lutar e depois faz a transição para o caça de 1ª linha sem necessidade de mais treinamentos, economizando recursos. Os motores Honeywell F124, extremamente confiáveis, melhoram a segurança de voo. O M-346 realmente atendeu às expectativas em todos os aspectos.” conclui.

O avançado cockpit do M-346 Master. Foto: Leonardo

Esta história de sucesso entre a IAF e sua escolha pelo M346, além do suporte logístico fornecido pela Elbit Systems, contando com uma solução de simulação de alto nível, mostram um caminho extremamente interessante, tanto em termos de custo benefício quanto em capacidade operacional, ainda mais se considerarmos a versão avançada da Leonardo o M346 FA (Fighter Attack).

Algo que poderia muito bem ser considerado pela FAB na sua transição entre o A29 Super Tucano e os F39 Gripen, além de aumentar o poder de emprego real caso necessário.

O M346 “Lavi” utiliza dois motores Honeywell F124 sem pós combustores. Foto: Roberto Caiafa

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Roberto Caiafa
Jornalista e Repórter Fotográfico especializado na Editoria de Defesa com mais de 15 anos de experiência profissional. Corresponsal no Brasil de Infodefensa desde abril de 2011. Youtube Canal Caiafamaster (https://www.youtube.com/c/caiafamaster)

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